APENDICITE
Fisiopatologia da Apendicite:
O apêndice vermiforme é um grande divertículo
que se origina do ceco, medindo aproximadamente 10 cm e localiza-se cerca de 3
cm abaixo da válvula íleo cecal. Em corte transversal, tem o aspecto de um tubo
com uma luz central.
Grande
parte de sua parede é tomada por tecido linfóide, sob forma de tecido linfóide difuso e nódulos linfóides.
Apesar de possuir uma base fixa, o restante
do órgão é livre, podendo ocupar várias regiões da cavidade abdominal,
inclusive a fossa ilíaca. Essa grande variação de posicionamento é de ampla
importância clínica. Embora possua estrutura histológica semelhante ao
intestino grosso, o apêndice contém glândulas intestinais menores e menos
numerosas e não possui tênias do cólon.
Apêndice normal em corte transversal
Apendicite aguda (estrela e seta representando parênquima alterado,
desorganização de nódulos linfáticos e erosão da mucosa)
O
principal agente causador da apendicite é a obstrução de seu lúmen, normalmente
ocasionada pelo acúmulo de fecálito, porém este quadro também pode ser
resultado de massas tumorais, corpos estranhos ou devido a uma hiperplasia
linfoide. Após a obstrução do lúmen, há acúmulo de secreção, que eleva a
pressão intraluminal e determina estímulo das fibras viscerais aferentes, entre
T8 e T10, com consequente dor referida na região epigástrica ou periumbilical.
Com o aumento da parede do órgão há uma queda na perfusão capilar, ocasionando
isquemia e consequentemente diminuição do aporte energético. Com isso tem-se uma
grande perda na proteção do epitélio, acompanhada de proliferação bacteriana,
com penetração mural do processo infeccioso. Nesse momento a dor que antes era
difusa e de difícil localização, migra para região do apêndice e se concentra.
Caso não haja tratamento correto (procedimento
cirúrgico) a doença evolui para perfuração do órgão e extensão infeciosa para
os tecidos adjacentes. Nesta fase, frequentemente observamos íleo paralítico
regional, podendo evoluir em alguns casos para obstrução intestinal. Outras
complicações possíveis são a disseminação da infecção para a parede abdominal,
obstrução ureteral, trombose venosa (sistema portal) e abscessos hepáticos.
Apendicite
crônica e aguda:
A apendicite aguda é a causa mais comum de abdome agudo de tratamento
cirúrgico. É uma doença típica dos adolescentes e adultos jovens, e é incomum
antes dos cinco e após os 50 anos. Apesar da apendicite crônica e aguda serem
caracterizadas pela inflamação do apêndice, elas são diferentes. A diferença
entre apendicite crônica e aguda é que a apendicite crônica afeta poucas
pessoas, tem um ritmo lento de progressão e os sintomas são mais leves e a
apendicite aguda é muito comum, tem um ritmo rápido de progressão e os sintomas
são intensos.
Sinais, Sintomas e Diagnóstico
A apresentação clínica clássica da apendicite aguda começa com um quadro
de anorexia seguido de dor abdominal mal definida, eventualmente um
desconforto, referida no mesogástrio ou na região periumbilical, consequência
da mediação por fibras nervosas autônomas.
A dor está presente em mais de
95% dos casos, e mais de 90% queixam-se de anorexia; 80% apresentam náuseas ou
vômitos. À medida que aumenta a inflamação no apêndice, num processo que varia
de 12 a 18 horas, a dor tende a se mover para baixo e à direita - local
diretamente acima do apêndice, também chamado ponto de McBurney. Os vômitos,
embora comumente encontrados, não costumam ser de grande intensidade ou
repetidos, sendo comum um ou dois episódios no máximo. Na fase inicial, é rara
a ocorrência de diarreia. A sequência dos sintomas costuma ser, na grande
maioria dos casos (95%), anorexia - dor - náuseas/vômitos. A ausência de
anorexia coloca em cheque o diagnóstico de apendicite.
Quando o paciente
se apresenta numa fase com quadros ainda não complicados, a dor já piora com a
movimentação da parede abdominal, especialmente com a tosse, caracterizando o
sinal de Dunphy. Ocorre febre baixa. A formação de abscesso periapendicular bloqueado
ocorre em torno de 10% dos pacientes com apendicite.
A ausculta abdominal deve ser realizada de forma sistemática, mas
costuma ser normal nos casos iniciais e, somente nos casos avançados com
peritonite difusa, vai estar diminuída ou ausente. Quando há formação de
abscesso localizado, pode haver diminuição dos movimentos intestinais de forma
localizada, fruto de um íleo segmentar na região do bloqueio; além disso, a
ausculta pode estar até aumentada nos pacientes com quadros de diarreia
irritativa provocada por coleção pélvica. Além do exame do abdome, no qual é
preciso avaliar as características da dor, se começou alta e depois migrou para
baixo no abdômen, e os dados obtidos na palpação do abdômen; o toque retal e
vaginal são extremamente importantes. A grande frequência de processos
inflamatórios pélvicos de origem anexial torna esse exame uma rotina
obrigatória para orientação diagnóstica nas mulheres com suspeita de
apendicite.
Os exames laboratoriais também são úteis, já que pacientes com peritonite,
encontrada em pessoas com a doença, costumam apresentar um número elevado de
leucócitos no hemograma (leucocitose). Além disso, podem ser realizadas
ultrassonografia e a tomografia computadorizada, sendo esta última a mais
indicada em casos duvidosos ou com suspeitas de complicações.
Tratamento e Complicações:
Apendicectomia de urgência (convencional ou laparoscópica) e drenagem de
abcesso se necessário. Deve-se fazer
ressucitação volêmica no paciente de imediato, com atenção especial para os casos
de perfuração com peritonite. A antibioticoterapia deve ser iniciada no
pré-operatório e deve cobrir germes Gram negativos e anaeróbios.
A perfuração que pode acontecer pode ser bloqueada, quando forma um
abcesso periapendicular; o paciente pode estar oligossintomático com possível
desconforto em FID. Ou a perfuração ocorre para o peritônio livre, causando uma
peritonite generalizada com dor abdominal de grande intensidade e difusa com
abdome em tábua, elevação de temperatura e pode evoluir para sepse. Outras
complicações são: íleo paralítico, abcesso intraperitoneal, algumas vezes
subdiafragmático, fístula estercoral, obstrução incisional, hérnia incisional,
atelectasias, pileflebite e tromboflebite do sistema porta (são raras).
Referencias:
- REVISTA DE MEDICINA — MARÇO. 1942
5.A APENDICITE NA SÍNDROME DE ABDÔMEN AGUDO (*).DR. FRANCISCO
CERRUTI-Livre-Docente dé Clínica Cirúrgica da Escola Paulista de Medicina.
-APENDICITE
AGUDA: ACHADOS NA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA – ENSAIO ICONOGRÁFICO* Marcelo
Eustáquio Montandon Júnior1, Cristiano Montandon1, Gustavo Ribeiro Fiori2,
Carlos Alberto Ximenes Filho3, Fernanda Coelho Barbosa da Cruz4
- Histologia
Básica 11Ed - Junqueira e Carneiro
-Instituto
de ciências biomédicas da USP – MOL Biologia online
-
http://labpath.blogspot.com.br/
Legal!!! Parabéns!
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