LÍQUEN PLANO
Introdução
O líquen plano é uma doença mucocutânea crônica
de etiologia autoimunológica que afeta principalmente mulheres entre 40 e 50
anos de idade (Gonzaléz et al, 2016). Nesse sentido, em relação à sua
etiopatogenia, existem várias teorias propostas, incluindo uma autoimune e uma
psicogênica. Foi demonstrado que os antígenos de histocompatibilidade
leucocitária HLA-A5 e HLA-A3 aparecem frequentemente nessa doença. O mais
aceito é que é mediado por células T, que afetam a pele, apêndices e membranas
mucosas (Landau et al, 2018). Desse modo, sua etiologia é pouco conhecida,
sendo uma patologia pouco frequente, afetando entre 0,22 a 5% da população
mundial (Silva, 2016).
Morfologia
e Histopatologia
As lesões cutâneas do líquen plano consistem em
pápulas com aspecto pruriginoso e violácea ou rosa-púrpura, com a parte
superior plana. Essas pápulas podem coalescer localmente e formar placas. Em
consonância, essas placas são muitas vezes realçadas pelas estrias de Wickham,
um padrão em forma de renda de pontos ou linhas brancas (figura 1.1). Uma
hiperpigmentação pode ser resultar da perda de melanina da pele por
queratinócitos que foram danificados. No âmbito histopatológico, o líquen plano
é um exemplo típico de dermatite de interface prototípica, assim denominados,
pois as lesões são concentradas na interface entre o epitélio escamoso e a
derme papilar. Em associação, há um infiltrado linfocitário denso e contínuo
por toda a junção dermoepidérmica (figuras 1.2). Os linfócitos possuem íntima
associação com os queratinócitos basais, que frequentemente necrosam ou
atrofiam. Sugere-se que como resposta a esses danos as células basais se se
assemelham às células mais maduras da camada espinhosa (escamatização). Assim,
as células basais necróticas e anucleadas são percebidas na derme papilar
inflamada e mencionadas como corpos de Civatte ou corpos coloides. Em
decorrência desse padrão de inflamação, a interface dermoepidérmica assume um
contorno angulado em ziguezague (formato de “dentes de serra”). Ainda que as
alterações histológicas citadas assumam algumas semelhanças com o eritema
multiforme, o líquen plano exibe alterações de cronicidade bem desenvolvidas,
abarcando a hipergranulose, hiperqueratose e hiperplasia epidérmica.
Figura 1.1
Pápula poligonal, rosa púrpura com a parte superior plana, apresenta um padrão
em forma de renda (as estrias de Wickham).
Figura 1.2
Aspectos histopatológicos incluindo infiltrado linfocitário em faixa ao longo
da junção dermoepidérmica, hiperqueratose, hipergranulose e cristas
interpapilares pontiagudas.
Fonte: Robbins. Patologia Básica, 9 ed.
Manifestações
clínicas
As lesões cutâneas são múltiplas e
frequentemente distribuídas de forma simétrica, em particular nas extremidades.
Geralmente, as lesões acometem os cotovelos, pulsos e a glande do pênis. Em 70%
dos casos, a mucosa bucal também está envolvida, onde as lesões apresentam-se
como pápulas brancas com aspecto rendilhado. Por conseguinte, geralmente as
lesões cutâneas do líquen plano desaparecem de forma espontânea em um período
de 1-2 anos. Todavia, as lesões na cavidade oral podem persistir e apresentar
intensidade relevante que causa problemas no processo ingestão de alimentos.
Fonte: Aspectos
clínicos, patológicos e terapêuticos do líquen bolhoso. Rev. CES Odont 2016; 29
(2): 78-85.
Variações
clínicas do Líquen Plano
Líquen
Plano Hipertrófico: é a variante
mais pruriginosa do líquen plano. É
também a evolução mais prolongada, com poucas remissões sem tratamento. As lesões são mais comumente localizadas nos
membros inferiores, principalmente ao redor dos tornozelos. Dessa maneira, é a
segunda variante mais comum do líquen plano. As lesões estão classicamente
localizadas na face anterior das pernas e tornozelos simetricamente e tendem a
ser crônicas. É uma patologia de importante diagnóstico para a possibilidade de
originar o desenvolvimento do carcinoma espinocelular (Landau et al, 2016).
Placas eritêmato-escamosas nas plantas, face interna dos pés e
tornozelos.
Fonte: Rev. argent. dermatologia vol.99 no. 1
Cidade Autônoma de Buenos Aires mar. 2018
Líquen
Plano Piloso (Folicular): Inicialmente
descrito por Pringle em 1985, o LPP é uma desordem cutânea pilosa por um
processo inflamatório linfocítico, que eventualmente pode destruir o folículo
piloso, com substituição folicular por tecido fibroso. O LPP é um processo
frequentemente crônico e recorrente, de etiologia ainda incerta, mas de
provável patogênese autoimune. Pode ser dividido em três variantes: a forma
clássica de LPP, a alopecia fibrosante frontal e a síndrome de Graham-Little.
Embora afetem preferencialmente faixas etárias e gêneros diferentes, todas as
formas compartilham o processo inflamatório caracterizado por pápulas
eritematosas. O LPP é mais comum em mulheres, representando 60 a 90% dos casos,
iniciando-se frequentemente da quinta a sétima décadas de vida.
Líquen
Plano Bolhoso: Clinicamente
se manifesta como bolhas que se quebram facilmente causando dor excessiva. É
considerado um líquen atípico. Nesse sentido, é a variável mais rara dos tipos
de líquen plano bucal. Manifesta-se como bolhas que se rompem facilmente, podem
variar de tamanho (de poucos milímetros a vários centímetros), muitas vezes
acompanhada de sensação de ardor e dor. Eles são resultantes da liquefação e
vacuolização da camada epitelial basal e é frequentemente observada na mucosa
oral, particularmente nas áreas adjacentes ao segundo e terceiro molar póstero.
O segundo local mais comum de manifestação são as bordas laterais da língua,
enquanto raramente é visto nas gengivas e lábios (González et al, 2016).
Líquen
Plano Actínico: O Líquen Plano
Actínico consiste em uma variante do líquen plano. Os casos relatados se
concentram em regiões tropicais, em especial no Oriente Médio, sendo rara a
doença fora dessa área. No Brasil, poucos casos foram descritos. Dentre os mais
afetados estão o grupo de jovens entre 20 e 40 anos de idade, melanodérmicos. O
acometimento da doença ocorre em áreas expostas a luz solar como face e
extremidades de membros superiores e inferiores, o que está relacionado,
provavelmente, a sua etiologia.
Clinicamente, a doença se manifesta de forma
variável: anular, discrômica ou hipercrômica. Não afeta a mucosa e não causa
alteração nas unhas (ungueal).
Líquen
Plano Linear: O
líquen Plano Linear, também denominado de BL Blashkóide, é uma variedade rara
de líquen plano e caracteriza-se por apresentar uma distribuição linear de
lesões liquenóides ao longo de vias embrionárias de desenvolvimento da pele, as
linhas de Blashko. Menos de 0,5% dos afetados por Líquen Plano apresentam a
forma Linear. A doença afeta principalmente o público infantil, mas também
acomete os adultos.
As lesões decorrentes do Líquen
Plano Actínico manifestam-se como pápulas de coloração violácea, apresentando
prurido em uma distribuição linear, frequentemente nos membros superiores ou
inferiores, mas afeta também qualquer outra parte do corpo.
Não se sabe muito acerca da
etiologia do Líquen Plano Linear, entretanto, há associação com o carcinoma
metastático, hepatite C e infecção por HIV. Uma hipótese seria a de que a
doença surge em consequência de um clone anormal de queratinócitos que só é
revelado após o evento iniciador do líquen plano.
Líquen
Plano Palmar e Plantar: O Líquen
Plano Palmoplantar é uma variante rara do Líquen Plano. É uma doença de difícil
diagnóstico por conta da sua semelhança com outros problemas dermatológicos
como o eczema, calo, sífilis, verruga, psoríase, entre outros. Foram descritos
vários padrões morfológicos de lesões palmoplantares em Líquen Plano: queratodermia
difusa, queratose pontuada, forma ulcerada e placas eritematosas, esta, a mais
comum manifestação. Segundo a literatura, os casos ocorrem em sua maioria no
público masculino.
Conforme relata a literatura, o Líquen Plano
plantar geralmente é bilateral e acomete preferencialmente a região do cavo. Segundo
estudos anteriores, 89% dos pacientes com Líquen Plano Palmoplantar relatavam
prurido.
Líquen plano plantar. Placa eritemato-descamativa no cavo plantar direito.
Fonte: Rev. Med. Saúde Brasília 2017
Líquen plano plantar. Infiltrado inflamatório linfocítico superficial em faixa na derme superficial.
Fonte: Rev. Med. Saúde Brasília 2017
Líquen
Plano Anular: O
Líquen Plano Anular consiste em uma variante do Líquen Plano. As lesões anulares
ocorrem em aproximadamente 10% dos casos de Líquen Plano, mas geralmente se
manifestam associadas a lesões mais clássicas. A forma da doença se caracteriza
pelo desenvolvimento de placas anulares violáceas ou hiperpigmentadas, com
ausência de atrofia central e presença de bordos relativamente elevados, sem
descamação.
Ocorre com mais frequência no pênis
e porção inferior do tronco, entretanto, pode manifestar-se também em outras
partes do corpo. Há relatos que referem O Líquen Plano Anular na cavidade
bucal, em associação com lesões no tronco, axilas e extremidades.
A prevalência exata e a etiologia do
Líquen Plano Anular são desconhecidas.
Líquen
Plano de membranas mucosas: é uma variedade do Líquen Plano que acomete principalmente as mucosas da
cavidade oral e genital. A afecção é relativamente comum e pode se apresentar
isolada ou em associação ao Líquen Plano Cutâneo, ocorrendo, entretanto,
diferenças significativas clínicoevolutivas: o Líquen Plano Oral, geralmente é
crônico, recidivante e difícil de tratar, levando a uma séria morbidade, em
especial na sua forma erosiva. Outras formas clínicas agressivas têm sido
abordadas na literatura.
A literatura apresenta seis manifestações
clínicas clássicas de Líquen Plano Oral: reticular, erosiva, atrófica, tipo
placa, papular e bolhosa.
Líquen plano erosivo - lesão ulcerada em bordo lateral de língua com bordos eritematosos.
Nico M, Fernandes JD,
Lourenço SV. Líquen plano oral. An Bras Dermatol. 2011
Reticular: Forma clínica mais comum. Caracteriza-se
por finas estriações brancas que se entrelaçam. Em geral, essas lesões melhoram
ou pioram em semanas ou meses. São lesões, geralmente assintomáticas com padrão
bilateral, simétrico e acometem a mucosa jugal posterior (bochecha) em grande parte
dos casos.
Erosiva: É a forma clínica mais importante, pois
se caracteriza por lesões sintomáticas. Observa-se ulceração irregular central
e geralmente é circundada por finas estrias radiantes queratinizadas ou
rendilhadas.
Atrófica: A forma atrófica caracteriza-se pela
presença de lesões avermelhadas difusas, aparentando uma mistura de várias
formas clínicas.
Placa: Apresenta irregularidades homogêneas e
esbranquiçadas semelhantes a leucoplasia, desenvolvendo-se, principalmente, no
dorso da língua e na mucosa jugal (bochecha). As lesões podem se apresentam
multifocais, tornando-se elevadas ou rugosas.
Papular: É observada raramente e geralmente
acompanha algum outro tipo de variedade. Caracteriza-se pela presença de
pequenas pápulas brancas de até 1mm de diâmetro com pequenas estriações na sua
periferia.
Diagnóstico
O diagnóstico deve ser feito através da história
clínica, com interrogatório sobre tempo de início dos sinais e sintomas,
duração, presença de prurido, alopécia, dor, descamação. Pode-se pedir biopsia
da lesão para o diagnóstico diferencial com outras lesões dermatológicas. O exame microscópico é feito, além disso, não
só para confirmação diagnóstica, mas também para afastar ou evidenciar a
malignização das lesões.
Tratamento
De modo
geral, o líquen tipo plano desaparece por si só ao fim de 1 a 2 anos, apesar
de, por vezes, durar mais tempo, especialmente quando a cavidade oral estiver
envolvida. Os sintomas recorrem em aproximadamente 20% das pessoas. Pode se
fazer necessário um tratamento prolongado, durante as incidências das erupções
cutâneas. Entretanto, entre as exacerbações não é necessário tratamento. As
pessoas com feridas na boca têm risco mais elevado de vir a sofrer de câncer
oral, mas a erupção sobre a pele não se torna cancerosa. O líquen plano na
vagina pode ser crônico e de difícil tratamento, o que diminui a qualidade de
vida e pode deixar cicatriz.
O tratamento das lesões líquen é essencialmente
clínico, visando a reduzir a gravidade dos sintomas, como desconforto, prurido
e perda de cabelos, e a prevenir que a inflamação se alastre. A terapia de
primeira linha permanece sendo a infiltração intralesional de corticoesteróides
que visa a reduzir o processo inflamatório.
Além disso, tratamentos sistêmicos vêm sendo utilizados em casos de
refratariedade à terapia inicial. Pode-se lançar mão também de anti-histamínicos
para melhora das queixas de prurido; tratamento com fototerapia e enxaguante
bucal com anestésicos locais (lidocaína) para os casos de úlceras bucais
dolorosas.
Referências:
KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K; FAUSTO, Nelson. . Robbins e Cotran: Patologia Básica. 9. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2013.
González MM, Rosales CA, Barrios EE, Cuenya F, Fernández ER. Aspectos clínicos, patológicos e
terapêuticos do líquen bolhoso. Rev. CES Odont 2016.
DC Landau, P Roca, E Valente, CM Mainardi, M Kurpis e A Ruiz
Lascano. Líquen plano hipertrófico. Em
relação a um relato de caso. Rev. argent. dermatologia vol.99 no. 1 Cidade
Autônoma de Buenos Aires mar. 2018.
Silva, S et al. Líquen plano:
a história de uma cooperação de sucesso. Rev. Portuguesa de Medicina Geral
e Familiar vol.32 no. 2 Lisboa abr. 2016.
Crisóstomo MR, Crisóstomo MCC, Crisóstomo MGR, Gondim VJT,
Crisóstomo MR, Benevides AN. Perda
pilosa por líquen plano pilar após transplante capilar: relato de dois casos e
revisão da literatura. An Bras Dermatol. 2011; 86(2): 359-62.
Nico M, Fernandes JD, Lourenço SV. Líquen plano oral. An. Bras. Dermatol. vol.86 no. 4 Rio de Janeiro
Jul/Aug. 2011.
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